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domingo, 7 de agosto de 2016

A nuvem que queria ser chuva

A nuvem que queria ser chuva

Era uma nuvem quase redonda. Branca. Furadinha e leve. Tal qual os flocos de açúcar que os homens vendem nas feiras. Como as pessoas, a nuvem escondia um segredo. Queria ser chuva. Ser chuva?
Coisa muito fácil para uma nuvem. É preciso só deixar vir o tempo em que de tão cheia se desfaz em gotas que começam a cair.
O tempo chegou. Chegou para a terra o inverno.
Uma após outra caíram as gotas de límpida água, no mar, nos rios, nos campos, nas matas, nas serras, nas planícies.
As ervas, contentes, abraçaram-se umas às outras. As flores enfeitaram-se com brilhos. O mar dançou e as pedras nos caminhos luziram como espelhos. E até houve música sobre as folhas secas caídas no chão. Tlinc, tloc, tlac. Foi uma alegria.

Matilde Rosa Araújo in Mundo Novo – Leituras, 3º Ano de Escolaridade. Porto Editora. 1985