A
nuvem que queria ser chuva
Era uma nuvem quase redonda. Branca. Furadinha
e leve. Tal qual os flocos de açúcar que os homens vendem nas feiras. Como as
pessoas, a nuvem escondia um segredo. Queria ser chuva. Ser chuva?
Coisa muito fácil para uma nuvem. É preciso
só deixar vir o tempo em que de tão cheia se desfaz em gotas que começam a
cair.
O tempo chegou. Chegou para a terra o
inverno.
Uma após outra caíram as gotas de
límpida água, no mar, nos rios, nos campos, nas matas, nas serras, nas planícies.
As ervas, contentes, abraçaram-se umas
às outras. As flores enfeitaram-se com brilhos. O mar dançou e as pedras nos
caminhos luziram como espelhos. E até houve música sobre as folhas secas caídas
no chão. Tlinc, tloc, tlac. Foi uma alegria.
Matilde
Rosa Araújo in Mundo Novo – Leituras, 3º Ano de Escolaridade. Porto Editora.
1985