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terça-feira, 15 de julho de 2025
John Christopher (1955) – The Year of the Comet (versão portuguesa: O Ano do Cometa)
Charles acenou afirmativamente. Isaacsshon prosseguiu:
- E eu que estava confiando que nenhum deles tinha a preparação ou a inteligência suficientes para se aproveitar das informações. A julgar pelo que Sarah me disse a seu respeito, descobri que tinha cometido um erro. Os nossos homens tentaram localizá-lo, mas vários outros grupos conseguiram deitar-lhe a mão primeiro. Gostaria de saber porque é que eles não conseguiram retê-lo? De qualquer forma veio parar nas nossas mãos.
- Nas suas mãos?
- A Seita do Cometa.
- A Seita do Cometa é uma organização israelita?
- Digamos que sim. Nós fornecemos a primeira fagulha para a explosão. O sucesso obtido espantou-nos bastante. Os nossos conselheiros psicológicos arquitetaram a coisa, mas parece-me que até eles ficaram admirados com os resultados. O número de membros existentes atualmente é espantoso e a tendência é continuar a subir.
- Os instrumentos usados por Israel não são de molde a servir-me de recomendação para o seu país - disse Charles.
Isaacsshon encolheu os ombros.
- É uma pena. Infelizmente a Seita do Cometa é necessária para os nossos planos. Também não agradam a nós próprios, mas ao mesmo tempo eles nunca teriam existido se a sociedade onde se desenvolveram não fosse corrupta. E há mais uma coisa. Esperamos que venham a ser a maneira de salvar algumas centenas de milhares de vidas. A maioria não são israelitas.
- E como?
- Hão de explicar-lhe, segundo creio. Temos de ir. Há uma outra coisa que talvez lhe interesse primeiro.
Isaacsshon voltou a falar para o tubo. A imagem na televisão voltou a mudar. Um pátio maior. Mais voadores. Observaram-nos enquanto desciam sobre uma série de caixas negras colocadas no chão, a uma distância de cerca de três jardas umas das outras. As estruturas usadas por estes voadores tinham um pequeno objeto em forma de cano de espingarda, de cada lado, terminando numa espécie de bocal. De repente, presumivelmente em obediência a uma palavra de comando, porque os efeitos foram quase simultâneos, surgiu um fogacho tremeluzente em volta de cada um dos bocais e as latas que estavam no chão, à exceção de duas delas, começaram a arder.
- O raio de calor - disse Isaacsshon - Tão querido dos autores de folhetins para a TV no mundo da gestão. Outra aplicação dos diamantes. Infelizmente limitada a ser usada com sol, mas, nesse caso, garantindo toda a eficiência. Foco variável, mas apenas dentro de certos limites, claro, e os limites são estreitos. Mas o calor é grande no ponto de impacto. Não lhe dou números porque acho que não me acreditaria. Acha que é uma surpresa?
- Apenas quanto ao aspecto - disse Charles, sombrio. - Algumas pessoas já perceberam a ideia.
- Então vão ficar surpresos por verem a sua ideia marchando nas asas do vento.
Isaacsshon desligou o monitor e levantou-se para partir.
Charles disse:
- Só uma coisa. Que é que Sarah sabia disto tudo... quando esteve consigo em San Miguel?
- As nossas convenções são talvez um tanto peculiares. Há coisas que não consideramos adequadas para as mulheres, como sejam: contrarrevoluções e estratégia militar. Sarah não sabia nada disto.
Isaacssohn disse:
- Permite-me que o apresente? Charles Grayner – Professor Cohn, Presidente de Israel.
O giroplano trouxera-os até uma pequena casa modesta nos arredores de Jerusalém. A sala onde se encontravam agora era de igual simplicidade. O Professor Cohn ergueu-se de uma secretária riscada e suja, para os saudar; não havia na sala nenhum écran de grandes dimensões, apenas um écran de chamada, portátil, ao lado da secretária. O Professor Cohn sorriu, ao mesmo tempo que charles se lembrava e reconhecia o ar de astúcia bem humorada que vira na manhã do desaparecimento de Sarah.
O Professor Cohn disse:
- As nossas desculpas, Charles. Também fui tratado com certa rudeza. Não? Não foi intencional. Temos estado a incutir a agressividade nos nossos soldados e é um bocado difícil impedi-los de exagerarem por vezes.
- Presidente? Perguntou Charles. – Desde quando? Há muito tempo que eu não ouço noticiários.
- E o seu noticiário talvez não achasse que a noticia valesse a pena ser divulgada. Parece-me bastante provável. Mas tratou-se de uma revolução muito secreta no interior do palácio. Pareceu-nos preferível não deixar que a noticia transpirasse, pelo menos por agora. O golpe de estado coincidiu com o regresso de Hans. Estava tudo bem planeado e passou-se sem sobressaltos. Chamaram-me depois de tudo terminado.
- Sarah…
- Achei que seria necessário trazer a Sarah comigo. Tinha boas razões para isso, a menor das quais não era certamente o seu valor como refém, caso a deixasse ficar para trás. Ela não mostrou boa vontade quando lhe falei nisso. – O Professor Cohn olhou para Charles com interesse. – Ela queria preveni-lo, mas claro que isso era impossível. Receava que ela pudesse ter deixado alguma pista, embora eu tivesse tomado todas as precauções.
Charles lembrou-se do incidente do relógio; posta de lado a explicação da falsa Sarah, ele voltava a assumir toda a sua importância primitiva. Ele sorriu ligeiramente.
- E parece-me que assim foi - disse o Professor Cohn. - Bom, deixemos isso, por enquanto. A finalidade era conseguir despistar as Indústrias Químicas Reunidas, bem como qualquer outra organização que pudesse estar interessada. Parece que a rivalidade local trabalhou a nosso favor; embora se suspeitasse da autenticidade das mortes, eles estavam ansiosos demais por lançar as culpas uns aos outros.
Charles acenou afirmativamente. Só agora começava a compreender toda a extensão do plano que existia por detrás do trabalho de Isaacsshon, os desaparecimentos, o seu próprio rapto. Mantendo a voz calma e inexpressiva, disse:
- A ideia, suponho, consiste numa espécie de agressão por parte de Israel contra o resto do mundo, uma incursão para arranjar novos territórios. - O Professor Cohn sorria-lhe, cheio de bonomia. - Há quanto tempo andam preparando isso?
- Há muito tempo. À semelhança dos antigos japoneses, Hans e eu éramos membros do partido da guerra. Havia um partido da paz; o nosso desaparecimento temporário foi o resultado de uma derrota temporária numa escaramuça. A posição já foi retificada.
- Vocês querem a guerra. Porquê?
O Professor Cohn ergueu as mãos.
- Não é uma questão de querer. O mundo está se desintegrando, no exterior. Vai ser o caos dentro de vinte ou trinta anos e, sendo o único estado com alguma vitalidade, devemos estar preparados para sair e reclamar o caos. Vai ser um trabalho demorado e árduo, desnecessariamente árduo. É mais simples e bastante mais eficiente precipitar as coisas. Hans já lhe falou na Seita do Cometa? Encontramos aí a confirmação dos nossos pontos de vista e facilita-nos bastante as coisas.
Charles disse:
- Vejamos se eu consigo entender o que está dizendo. Na sua ideia - Israel governará todo o planeta?
- Exatamente.
Com um punhado de soldados aéreos e um raio de calor que só atua a uma certa proximidade e quando o Sol brilha?
- Eu poria as coisas de forma um pouco mais elevada - disse o Professor Cohn judiciosamente. - Deixe-me explicar-lhe uma coisa sobre a arte da guerra, Charles. Através dos séculos, essa arte tem sofrido uma alternância contínua quanto à posição individual do guerreiro, através da alternância do tipo de armas à disposição do homem. Simplificando, podemos dizer que a artilharia diminui a estatura do soldado, enquanto as armas pequenas o fazem parecer maior. Claro que pode apresentar as suas próprias variações sobre o tema, desde o conflito entre a funda gigantesca e o dardo no tempo dos Romanos, até ao conflito entre as armas grandes e o mosquete no século XVIII.
- No decorrer do século XX, o equilíbrio afastou-se do soldado de uma forma que parecia irreparável. Barragens de artilharia maciça, bombardeamentos programados e, por fim, as bombas atômicas e de hidrogênio pareciam fazer pender a balança, definitivamente, para as armas maciças. E, como é evidente, as armas afetam a sociedade. O mosquete era típico do capitalismo, tal como a bomba H é típica do sistema de gestão, embora tenha sido produzida na fase final do capitalismo mundial.
- O mundo da gestão - comentou Charles - ainda tem um estoque de bombas H.
- Que são perfeitamente inúteis. Esse tipo de arma tornou-se grande demais para ser usado. Sim, eu sei que foram usadas na última guerra, mas os resultados confirmam o que eu digo, não acha? Acha que os seus amigos vão usar bombas H? Com que alvos? Teremos a África dentro de uma semana, a Europa em dez dias. Sabe ao que se assemelha esta situação? A um pequeno quarto com paredes de ferro, cheio de homens fortes com espingardas Klaberg. Entra uma criança com uma pistola de água e encharca-os. Eles não podem responder-lhe porque não têm pistolas de água, nem saberiam usá-las se as tivessem. E se dispararem as suas, as munições farão ricochete nas paredes; têm boas chances de se matarem a si próprios e eles sabem-no.
- Tanto quanto me é dado ver, um arco conseguiria levar a melhor à sua nova arma, Professor Cohn.
O Professor Cohn sorriu.
- E qual é a organização que tem um stock de arcos? Mas estou a entender o que quer dizer. O raio de calor não é o tipo de arma que restitua a iniciativa ao soldado. O aparelho voador, sim. Já há bastante tempo que tínhamos o desenho básico, mas necessita de bastante energia, como deve calcular. Felizmente o Sol é uma central inesgotável. Isso faz com que valha a pena ter essa arma. Asas para todos os soldados. Um exército voador. Mesmo sem as vantagens adicionais da surpresa e de um inimigo que perdeu, de uma maneira geral, o interesse por tudo o que não seja a sua hipotética condenação, este novo fator seria suficiente para se obter o resultado desejado. Com todas as probabilidades. Tomamos a precaução elementar de fazer um mapa de todos os pontos-chave. Não há um que não possa ser tomado por meia dúzia dos nossos soldados voadores. E nós dispomos de mais do que isso.
E podiam fazê-lo. Charles via claramente a situação. Os membros da Seita do Cometa correndo como porcos selvagens... já aprendera que esses indivíduos não perdiam um momento pensando na lealdade para com a sua organização quando recebiam uma chamada em nome de Jeová... e depois as tropas israelitas, treinadas, disciplinadas, eficientes, caindo das alturas... Era um modelo de ferro fundido. Ao compreender isto, ocorreu-lhe pensar porque é que lhe teriam explicado tudo aquilo. Agora não precisavam das suas capacidades. A única vantagem que ele representava para Israel era de ordem negativa: a certeza de que ele não faria nada para as organizações do mundo da gestão.
Charles disse:
- Há uma coisa que me interessa. - O Professor Cohn ergueu ligeiramente a cabeça. - Porque é que me contou tudo isto?
- Trata-se de uma pergunta razoável. Porque lhe vou pedir que me dê a sua palavra. - Charles mostrou-se perplexo. - É uma expressão antiga: o seu compromisso de honra de que não tentará fugir ou se comunicar com alguém fora de Israel. Depois disso, terá bastante liberdade. E para estar em situação de poder dar-me a sua palavra, acho que deve saber o suficiente sobre sua situação, para que as implicações sejam claras para si. Este é o novo capital do mundo. Queremos que compreenda isso.
- Dentro de quanto tempo vão atacar?
- Não muito.
Esta resposta assustou-o.
- Agora? No Inverno? Isso tirará parte do gume à vossa arma, não acha?
- Infelizmente. Embora não tanto como pensa. Nesta altura do ano, as nuvens são geralmente baixas e não será difícil subir acima das nuvens para recarregar.
Charles, com um sentimento misto de culpa e saudade, pensou nos seus passeios pelo espaço, de esfera, com a falsa Sarah, e naquele mundo de ouro, azul e tranquilidade.
- Mas, de qualquer forma - prosseguiu o Professor Cohn -, a questão do tempo torna-se agora urgente. Não é que tenhamos receio que qualquer das organizações possa fazer uma bateria ou umas armas iguais nos próximos seis meses ou mesmo nas próximas seis décadas. Mas o que podem é vir a suspeitar do verdadeiro estado das coisas, se lhes dermos seis meses que sejam. Não podemos esperar que a sua desconfiança mútua dure sempre. Além disso, o fator surpresa vai ser muito importante. Vamos, portanto, avançar num futuro muito próximo.
- E, nesse caso - disse Charles -, não seria certamente muito mais simples fecharem-me a sete chaves?
O Professor Cohn sorriu benevolamente.
- Há questões pessoais a considerar.
Sarah. Era um sentimento reconfortante. Como se ele tivesse estado a escavar um túnel em direção a ela durante meses, através de milhas e milhas de rocha e ouvisse finalmente um batimento que lhe respondia, mesmo à sua frente. Ao mesmo tempo...
Ele disse:
- Gostaria de ter a oportunidade de falar com Dinkuhl.
O Professor Cohn acenou.
- Naturalmente. Hans vai levá-lo de volta.
Dinkuhl estava sentado na cama, num quarto pequeno, mas atraente. Havia uma mesa ao lado da cama, com uma grande taça com fruta. Dinkuhl teve um sorriso um pouco torcido.
- Vem comer as uvas?
Isaacsshon disse:
- Deixo-o aqui, Charles. Vamos ter de pôr um guarda na porta, por enquanto. Quando quiser, ele o leva para mim.
- Adios - disse Dinkuhl. - Volta para o detector? Porque é que não se mete simplesmente debaixo da cama?
Por momentos, Isaacsshon pareceu espantado.
- Oh, já entendi. Não, aqui estão à vontade: os nossos regulamentos proíbem a instalação de equipamento detector.
Ele sorriu e saiu. Dinkuhl ficou olhando para ele.
- Olhe - disse -, acho que ele está dizendo a verdade.
- Possivelmente. Como é que se sente?
Dinkuhl esfregou a cabeça devagar.
- Desgostoso. Preferia ter morrido. Mas há de passar. O número de pessoas que me tomam o pulso é que me vai ajudar a melhorar.
Charles disse:
- Vai ter de passar. Vai precisar de todas as suas faculdades para arquitetar um esquema que nos faça sair daqui.
O olhar de Dinkuhl tornou-se inquiridor.
- Talvez fosse melhor você contar-me o que sabe.
Escutou em silêncio enquanto Charles lhe contava o que lhe tinha sido dito por Isaacsshon e pelo Professor Cohn. Por fim, disse:
- Há uma coisa que provavelmente se atravessará no seu caminho.
Charles disse ansiosamente:
- Sim?
- Uma explosão do Sol. - Dinkuhl olhou para ele. - Descontraia-se. Descontraia-se, meu caro Charles. Quer um conselho? Dê a sua palavra. E depois divirta-se.
A loquacidade era a mesma, mas não parecia o mesmo Dinkuhl. Antes, essa mesma loquacidade servia apenas para disfarçar um espírito extremamente ativo e em constante atividade. Examinou mais de perto as feições de Dinkuhl; pareceu-lhe descobrir qualquer coisa que nunca tinha notado antes: uma indiferença que, de certa maneira, era mais amarga que o desespero.
Dinkuhl pegou numa laranja e começou a descascá-la.
- Sirva-se, Charlie.
Charles disse:
- Quanto a sair de Israel, não sei como será. As chances são contra nós. De fato, elas são de tal maneira contra nós que um objetivo mais limitado poderia ser bastante mais fácil do que parece à primeira vista.
Dinkuhl deixou cair um pedaço de casca no chão.
- Um objectivo limitado?
Não creio que haja um detector neste quarto. Com essa história do guarda do lado de fora da porta, de ser acompanhado pelo próprio Isaacsshon, em pessoa e sozinho. Estão de tal forma confiantes que não conseguiríamos sair do país, que não tomam praticamente quaisquer precauções. Escute, Hiram. No que diz respeito à TV, este edifício é servido por uma única sala de transmissão-recepção. Sei onde fica porque o Isaacsshon me fez passar por lá e a porta estava aberta. Há só um operador de serviço. Julgo que lhes chega um porque fazem tanto uso dos fios.
Dinkuhl partiu a laranja.
- Já estou mais adiantado. Estamos na sala de TV. Arrumamos o operador solitário. Continue a partir daí.
- Na minha ideia há apenas um homem que talvez conseguisse fazer qualquer coisa que valesse a pena com as informações que nós poderíamos dar-lhe.
- Raven?
- Claro. Concorda?
Charles disse:
- Está certo. Sugiro que chamemos o guarda para cá. Eu ponho-me atrás da porta e, quando ele entrar, bato-lhe na cabeça. Pode ser elementar, mas acho que pode dar resultado.
Dinkuhl abanou a cabeça.
- Meu caro Charlie, você é que devia estar na cama. Espere até eu melhorar um pouco e então já pode ser. Vou lhe buscar a enfermeira. Não me agradeça. É com muito prazer.
- Mas que é que você não acha bem?
- Ouça - disse Dinkuhl. - Você queria a moça. Está a dez minutos dela. Basta-lhe ir dizer a Isaacsshon que deixa esse negócio
da capa e do punhal. Você também não foi feito para isso, de qualquer forma.
- Não me acompanha nisto?
- O prego entra na madeira. Eu não.
- Fica contente quando vir os israelitas governarem o mundo?
- A enfermeira é que me pode governar quando quiser. E o mundo que vá para o Inferno.
- Estou a falar a sério.
- Esse é que é o seu azar. Já perdi o meu sorriso de criança há tempo demais, para poder ser sério nesta idade. Olhe cá, Charlie, você tem aquilo que queria.
Charles fez uma pausa. Depois disse devagar:
- E você, Hiram? Que é que você queria?
Seguiu-se novo silêncio. Dinkuhl disse:
- Pois bem: que é que eu queria? Encontrar a sua moça para você? Gostaria de me poder gabar de todo esse altruísmo. Já lhe disse uma vez, Charlie: você era a bomba H. Você ia fazer explodir tudo. Você era a Destruição e eu servia a Destruição. Mas você já não é nada disso. Portanto, vá em paz, irmão, se é que tem de ir.
- Descobriu uma bomba maior?
- Só isso. Agora estou à espera. Não sei de quê, mas estou à espera. Não vou mentir a mim próprio convencendo-me que os israelitas têm muito mais do que as organizações do sistema de gestão, exceto no campo militar, mas o ano promete ser interessante. Vá, tente se comunicar com Raven, se a sua lealdade continua a ser mais forte que o bom senso. Não digo que isso não mude o curso das coisas, mas mesmo assim vai ser um ano interessante, independentemente do que você possa fazer.
Charles olhou para a porta.
- Eu sou neutro - disse Dinkuhl. - Não vou chamar a enfermeira. O que é um grande sacrifício, da maneira como eu me sinto neste momento.
Charles chamou o guarda. Até a própria voz lhe pareceu pouco natural. Colocou-se atrás da porta, agarrando pelo cabo saliente a pesada taça de madeira que continha a fruta; esta estava agora em cima da cama de Dinkuhl. Dinkuhl observava-o cheio de interesse.
A porta abriu-se e o guarda entrou. Não era muito alto; foi fácil deixar abater a taça na parte posterior da cabeça do homem. Ele inclinou-se para a frente, em arco, e embateu no chão com uma pancada surda. Dinkuhl chegou-se para diante para vêlo melhor.
- Belo. Tem pelo menos um quarto de hora, meu caro Charlie. Se fosse você, levava a taça.
O corredor estava deserto e não eram mais de dez jardas até ao elevador de serviço. Ele chamou-o e entrou nele com certo alívio, deixando a cena do crime. A sala de TV ficava no rés-do-chão. Os movimentos que fez para fechar a porta do elevador foram estudados e deliberados. Havia duas ou três pessoas neste corredor, entre ele e o seu alvo. Caminhou pelo corredor balançando a taça de madeira com ar natural. Uma moça olhou para ele com uma certa curiosidade, quando ele passou, mas foi tudo.
A porta da sala de TV estava fechada. Pouca sorte. Felizmente em Israel parecia que não se usavam fechaduras de assobio. A porta tinha um puxador; ia dar-lhe a volta quando percebeu que ele cedia à pressão da mão. Empurrou-a suavemente.
O operador estava sentado junto do painel de controle principal, de costas para a porta. Ainda não se dera conta da porta aberta, mas isso podia acontecer a qualquer momento. Charles correu para ele, levantando a taça da fruta acima da cabeça. O operador voltou-se, a tempo de apanhar a pancada na fronte, em vez de ser na base do crânio. O efeito foi o mesmo. Deu um gemido cavo e caiu para a frente, em cima da secretária.
Charles voltou atrás e fechou a porta. Tinha uma fechadura do lado de dentro - uma fechadura antiga, com chave, e ele fechou-a. Depois voltou para trás e observou o operador; não havia dúvidas de que estava sem sentidos. Num painel em frente da secretária, um foco iluminou o número vinte e um. Alguém pedia atenção. Quanto tempo teria, antes que alguém viesse ver porque é que não havia resposta? Talvez o tempo necessário para o guarda que estava no quarto de Dinkuhl voltar a si. A dificuldade agora era, com os seus escassos conhecimentos de comunicações pela TV, conseguir achar os circuitos externos e achar Raven.
Teria sido fácil com Dinkuhl, claro.
Levou cinco minutos a adquirir o domínio suficiente sobre os controles para conseguir entrar em comunicação com Atenas, a estação mais próxima do mundo da gestão. Empurrara o operador para o chão, para não ser visto do écran.
As secretárias de cromo e plástico da Telecom provocaram-lhe um sentimento estranho; depois dos acontecimentos recentes e do tempo que passara anteriormente com a Seita do Cometa, quase se esquecera do aspecto das coisas. O operador era uma moça; por cima do uniforme cuidado, o rosto dela tinha o ar distante e sonhador típico dos consumidores de mescal. Ela não demostrou qualquer surpresa perante o ar desarranjado e barbudo de Charles; era natural que o tomasse por um israelita e, além disso, não havia nada que a surpreendesse.
Ele disse:
- Jerusalém para o QG da Secção Atômica, Filadélfia.
Isso também não a surpreendeu, embora se pudesse certamente apostar que uma ligação dessas não acontecia uma vez numa década. Ela disse com ar sonolento:
- Jerusalém para Filadélfia. Aguardar, Jerusalém.
Ele disse:
- É urgente.
Ela sorriu e acenou ligeiramente.
- Sim.
Ele observou-a enquanto fazia a chamada para a estação espacial que forneceria a ligação com os continentes do mundo, pensando ao mesmo tempo naquilo que Raven faria depois de receber as notícias. Anotaria tudo, com certeza, para ter maior peso na reunião do Conselho que teria de convocar. As organizações, sob uma tal ameaça, seriam forçadas a unir-se. Teriam de se unir, para conseguir defender-se.
E depois? Os israelitas levariam o seu plano adiante; já tinham ido longe demais para poderem recuar agora. Uma guerra amarga e dura. Não era provável que salvassem a África; a Europa também podia ir-se. Mas as Américas eram susceptíveis de ser defendidas, especialmente se Raven tomasse a precaução óbvia de cercar os chefes da Seita do Cometa.
Para Raven seria uma boa guerra: o chefe natural e automático. Os seus pensamentos eram pervertidamente humorísticos. Raven ia saber tudo. Pela sua parte, queria apenas paz de espírito: a sensação de que, arrastado da obscuridade para uma grandeza transitória, conservara a sua fé numa sociedade que o criara; embora perpassados pelo mal, condenados a morrer apesar de tudo, conservara a sua fé. Para isso, estava disposto a abandonar o resto: a sua liberdade pessoal, a sua vida, se a quisessem... e Sarah.
John Christopher (1955) – The Year of the Comet (versão portuguesa: O Ano do Cometa), páginas 183-192, Publicações Europa-América.
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quinta-feira, 3 de julho de 2025
Miguel Torga (1907-1995)
Miguel Torga foi um escritor português que nasceu em São Martinho de Anta (concelho de Sabrosa) em 1907. Na sua terra natal encontra-se esta escultura em madeira (raiz de um negrilho) do rosto do poeta.
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quarta-feira, 18 de junho de 2025
Richard Lewis (1979) – Devil’s Coach-Horse (versão portuguesa: O Escaravelho da Morte)
Do limite da sua consciência, apercebeu-se dum barulho, um arranhar. Mudando penosamente de posição, espreitou para a gaiola perto de si. Ratos brancos e cobaias tentavam debilmente passar pelas grades das suas gaiolas. Suspirando com a dor, inclinou-se para a frente e, cada movimento pura agonia, abriu os fechos. Os animais rastejavam vagarosamente para fora, arrastando as barrigas pelo chão.
- Pobres diabos – murmurou Masters, voltando a cair contra a fuselagem, enquanto o som estranho e etéreo enchia mais uma vez o seu ser. E, depois, extinguiu-se deixando um silêncio quase total, apenas quebrado pelo arranhar dos ratos e cobaias que vagueavam desnorteados. Fechou os olhos, demasiado fraco para pensar mais.
Mas havia outro barulho, vindo de dentro do avião. Um barulho que o forçou a abrir as pálpebras, pesadas, para tentar descobri-lo. Um barulho leve, irritante, como uma unha a raspar no metal. E então viu-os. Grupos de escaravelhos, difíceis de identificar, rastejando pelo corredor em direção aos corpos torcidos e amontoados perto do cockpit. olhou para as figuras destroçadas, através dos olhos meio fechados. Tinha visto um movimento? Não importava, não podia fazer nada. Não havia lá qualquer vida, só morte.
Observou a névoa cor-de-rosa aparecendo de novo à sua frente, como algumas das criaturas se voltavam e se dirigiam para ele, como se sentissem que ainda estava vivo. Pestanejou com força e tentou focá-los. Sim, conseguia distinguir alguns deles agora. Lá estava o escaravelho-hércules, abrindo e fechando em patético desespero os grotescos cornos pretos da sua fronte, enquanto tentava arrastar o seu pesado corpo de cinco polegadas de comprimento sobre o metal. Enquanto olhava, parou repentinamente, fez mais uma tentativa para mover as duas patas anteriores e ficou quieto. Mais atrás dele, o escaravelho-veado, mais pequeno – embora o maior do Reino Unido, com três polegadas -, movia-se mais depressa, tal como o seu parente mais distante, a cabra-loura. Masters não podia contar quantos havia de cada, à medida que cerca de uma dúzia de diferentes escaravelhos se moviam para ele. Mas ninguém podia deixar de reconhecer o dorso riscado do escaravelho-do-colorado, à medida que se arrastava em frente.
Espalhou-se uma estranha calma por Masters enquanto ficava deitado olhando para as formas bizarras que rastejavam mais perto. Apossou-se dele uma sensação de leveza, acompanhada por uma súbita e lúcida perceção de tudo à sua volta. Sabia o que queriam os insetos que avançavam. E acenou brevemente com compreensão.
Estavam a ser levados pelo instinto comum a toda a vida, incluindo o homem: a vontade de sobreviver. E John Masters podia compadecer-se com isso, quase sentir-se bizarramente triste com a sua luta. Tinha feito dos insetos o objeto duma vida de estudo, via-os como uma forma de vida bonita e variada. Mas agora, enquanto jazia morrendo, sentiu tristeza misturada com irritação. Ele sabia que se dirigiam para ele, informados pelos seus recetores dos últimos vestígios de calor à sua volta, para furarem e se enfiarem nas pregas soltas das suas roupas. Ficariam nos restos de calor à sua disposição, até que, como ele, também morreriam.
De qualquer modo, desejou que os insetos não estivessem ali. Uma vida é mais do que suficiente para lhes devotar, pensou. Tinha-lhes dado a sua vida. Na verdade, era por causa dessas malditas coisas que estava agora a morrer. Já não podiam ter mais nada dele. Elas que vão para o inferno. Apertou os dentes enquanto apanhava um bocado de um frasco partido ao pé de si e o atirava, francamente, para cima deles. Os insetos pararam por momentos, enquanto o vidro balanço e se desfez no meio deles. E depois, como se fossem um só, continuaram a sua marcha para ele.
Masters, num estado ainda meio a dormir, meio acordado, estava demasiado esgotado para se mexer outra vez. Sentiu o seu corpo escorregar mais ainda, sentiu uma dor aguda quando um osso partido roçou noutro, mas não sentiu o sangue grosso, coagulado e meio gelado que começava a sair pelo lado esquerdo; não podia saber que a ferida no seu peito tinha abrido com o seu movimento brusco. Sorriu levemente enquanto a névoa vermelha o rodeava e a música distante recomeçava. «Claro que os escaravelhos e outros insetos farão ninho nas minhas roupas», disse tristemente para consigo. «Afinal de contas, toda a minha vida vivi com eles e para eles. Também posso morrer com eles». E assim, sorrindo palidamente, fecho os olhos quando os insetos o alcançaram e começaram a trepar para cima de si.
Treparam pelo casaco manchado de sangue, rasgado e aberto de um lado. Não pararam quando chegaram à ferida no peito e flanco. abrindo caminho através do sangue viscoso que saía de John Masters, um sábio entomólogo. Sangue que levava consigo a sua força e vida.
Ficou com a cabeça leve, perdendo a capacidade de diferenciar entre a realidade e a fantasia, portanto não podia ter a certeza do que aconteceu a seguir, estava tudo tão longe, parte doutro mundo, outro plano de existência. Pensou sentir uma impressão aguda de lado, logo abaixo da sua carne rasgada. Uma dor que parecia concentrar-se e espalhar-se por todo o corpo. E à medida que aumentava, a dor geral era acompanhada duma nova agonia. Uma sensação de picada, como se uma lima redonda ou um berbequim de baixa velocidade estivesse a ser forçado e virado para si.
Um som torturado gorgolejou na sua garganta quando a dor explodiu pelo seu corpo, submergindo-o finalmente, caiu para a frente, dobrando-se com as dores enlouquecedoras no flanco e peito. E depois, nada. Apenas o vazio negro que se abria à sua frente. Negrura sólida, reconfortante. Não mais sensações. Não mais dor. Morte bendita.
Perto do cockpit, a vinte pés de John Masters, jazia o fantasmagórico grupo de corpos deformados e embaralhados, membros misturados, formando uma escultura perversa. Quatro corpos, uns por cima dos outros – o americano e a sua mulher, o cientista britânico e o repórter. Logo à frente deles, o piloto e o co-piloto que tinha sido cuspido dos seus assentos. O pescoço do co-piloto tinha-se partido quando bateu na porta e o piloto tinha caído para cima dos controlos partindo a espinha.
Mas Masters tinha razão quando pensou ver um movimento. Tinha sido de Clare Borowski, a mulher do cientista americano. O marido morrera nos seus braços quando o avião caíra, e ela acordou e viu-se agarrar o seu cadáver. Tentara abaná-lo, na vã esperança de que ainda houvesse algum resto de vida nele, mas a sua força estava a acabar e desistiu por fim. E assim, a senhora que detestava voar apertou-se de encontro ao seu marido morto, lágrimas correndo pela cara abaixo, impossibilitada de fazer qualquer som, por causa do desgosto e falta de apoio que sentia.
No seu último momento de vida, também viu os escaravelhos e insetos de dorsos negros que avançavam apressadamente para ela. Amaldiçoou-os intimamente, culpando as criaturas que avançavam da morte prematura do seu marido. Rezou a Deus para que fossem embora e a deixassem morrer em paz. Mas elas continuavam a andar, movidas por uma força mais forte do que a prece duma mulher assustada.
Que John Masters e Clare Borowski tivessem morrido das suas feridas foi, para eles, um ato de providência. Se as condições enregelantes tivessem esgotado as suas forças naturalmente, teriam ficado vivos cerca de três a quatro horas, e teriam sabido o que lhes acontecia enquanto os escaravelhos rastejavam por cima e por baixo deles. Tal como aconteceu, nunca saberiam.
Porque os escaravelhos e outros insetos estavam a ficar malucos com a fome e o frio. Diferentes dos pássaros e mamíferos, espécies de sangue quente, a temperatura dum inseto muda com o ambiente próximo. Muitos podem adaptar-se a condições frias, mas não por muito tempo. Dirigiam-se automaticamente para o calor. Um cego instinto de sobrevivência, comum a todas as criaturas vivas, ditava as ações dos escaravelhos e insetos enquanto se moviam para os corpos quentes ou parcialmente quentes no avião. E enquanto as criaturas trepavam pelos membros partidos e ensanguentados e pelos ossos quebrados, guiava-os outro instinto: proteger as crias não nascidas.
À medida que os insetos se arrastavam desesperadamente, percebiam intuitivamente que a carne que arrefecia debaixo deles podia ser uma fonte de nutrição para os seus ovos e larvas. As suas mandíbulas morderam a pele macia e rasgada sob eles, e as suas bocas mastigavam o tecido embebecido em sangue. (…).
Richard Lewis (1979) – Devil’s Coach-Horse (versão portuguesa: O Escaravelho da Morte), páginas 20-24. Publicações Europa-América.
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terça-feira, 10 de junho de 2025
Azibo (Portugal)
Azibo, Podence, Macedo de Cavaleiros, Portugal (junho de 2025)
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quarta-feira, 4 de junho de 2025
Tbilisi Sea
The Tbilisi Se ais na artificial lake in the Tbilisi region. The lake has a length of 8.75 km and a width of 2.85 km.
domingo, 18 de maio de 2025
quinta-feira, 1 de maio de 2025
Edmund Cooper (1973) – The Tenth Planet (versão portuguesa: O Décimo Planeta)
A maioria das pessoas da Terra nunca soube que o seu planeta estava a morrer. A maioria das pessoas da Terra – os numerosos milhões da Ásia, África, América do Sul – continuou como sempre tinha sido: faminta, analfabeta, cheia de doenças, com vidas breves. (…)
Assim, o obsoleto motor de combustão interna continuou a poluir a Terra; os pesticidas, inseticidas, herbicidas e fungicidas continuaram a destruir o equilíbrio da natureza; a poluição industrial continuou a envenenar os rios e os oceanos; os despejos domésticos asfixiaram as antiquadas e sobrecarregadas redes de esgotos das cidades, que continham dez vezes mais pessoas do que deviam; as epidemias ultrapassaram os antibióticos; a procura de energia atómica cresceu a um ritmo tal que o calor dos desperdícios atirados ao mar acelerou o efeito de estufa e teve como consequência o derretimento das calotes polares; e a vasta maioria dos quinze mil milhões de seres humanos continuou a reproduzir-se, como se o mero peso dos números ajudasse a evitar, a não tornar iminente, a catástrofe final.
O ponto sem regresso fora ultrapassado bastante cedo, no século XXI. Muitos membros eminentes da comunidade cientifica internacional fizeram avisos e sugeriram remédios drásticos – tais como controlo de nascimentos obrigatórios, projetos de esterilização em massa; limitações, internacionalmente aceites, do consumo de energia dos países tecnologicamente avançados; proibição do motor de combustão interna; o aproveitamento dos territórios desertos da África, India, Ásia e Austrália; colheitas marítimas sob controlo, a redistribuição da riqueza material e dos recursos minerais; o abandono de um programa espacial oneroso; o abandono da corrida internacional aos armamentos.
(…)
Por volta do Anno Domini 2050, os azuis céus da Terra tinham-se tornado quase uma lenda. Nove décimos da superfície do planeta estavam amortalhados em neblinas, nuvens, nevoeiros. O clima de monção já não estava confinado ao sul da Asia ou, na realidade, a uma estação em especial. Os oceanos sobreaquecidos produziam evaporação constante, que, por sua vez, produzia nuvens eternas e chuva eterna. A fotossíntese cedo foi vítima do longo e húmido crepúsculo. O Verão e o Inverno tornaram-se num só. As colheitas ainda germinavam prontamente, mas não conseguiam amadurecer. A chuva poluída chicoteava-as, moribundas, de volta ao solo saturado.
Desde tempos imemoriais, a fome fora a grande destruidora de impérios e das ambições sofisticadas da humanidade. Agora tornara-se a destruidora universal. Nenhuma quantia em ouro podia comprar um maduro campo de trigo. Nem mesmo a tecnologia mais engenhosa podia criar uma janela estável de céu limpo para os campos moribundos e os milhões de quilómetros quadrados de lama que outrora tinham sido terra fértil.
Finalmente, mesmo os políticos compreenderam que a Terra estava condenada e que a única esperança da humanidade estava alhures. Alhures consistia de duas possibilidades: um satélite pequeno, morto [lua] (…) e um planeta de potencial imenso, que levaria demasiado tempo a preparar para um êxodo em massa.
Por isso, com tardia lógica, tardia coragem e tardia determinação, a Organização das Nações Unidas – ineficaz durante mais de cem anos – decidiu transferir tudo o que podia ser salvo para Marte. (…).
Mas, à medida que do céu cinzento-escuro a chuva continuava a fustigar a Terra, destruindo colheitas, destruindo a esperança, a lei e a ordem começaram a desintegrar-se. Os Estados Unidos da Europa foram a primeira grande vítima. (…) nos finais do seculo XXI, uma galinha gorda e meio quilo de farinha de trigo tornaram-se mais preciosos do que um Rolls Royce (…). Assim, a Europa morreu de fome, ruidosamente, violentamente. E depois da Europa, caíram os Estados Unidos; e depois a Rússia, a América do Sul e a China. A Índia, cujo povo sempre tivera de se defrontar com a doença e a fome, durou um pouco mais. Mas não muito mais.
Edmund Cooper (1973) – The Tenth Planet (versão portuguesa: O Décimo Planeta), páginas 14-17
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quarta-feira, 2 de abril de 2025
Museu Ferroviário Nacional – Espaço Museológico de Bragança
Museu Ferroviário Nacional – Espaço Museológico de Bragança.
O museu situa-se no centro da cidade, num edifício anexo à antiga estação de comboios.
sábado, 8 de março de 2025
She-Ra (Princess of Power)
Calendário 1986. Princess of Power (Nº 55). She-Ra. Princesa Adora, irmã gémea do príncipe Adam (He-Man). Ela é a mulher mais poderosa do universo. A sua força vem da sua inteligência aguda e destreza, dos seus poderes mágicos e habilidades curativas.
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sábado, 1 de março de 2025
Commando (1985)
Filme americano, de ação e aventura, realizado em 1985 por Mark L. Lester. Neste filme destaca-se o ator principal, Arnold Schwarzenegge. Em 1986, foram produzidos em Portugal, os calendários Cinema e Acção (Estúdio Stars’86, F.J. Santos – Coimbra) onde o filme Commando é representado.
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sábado, 1 de fevereiro de 2025
As Fábulas da Floresta Verde
Fábulas de Floresta Verde (Fables of the Green Forest, em inglês) é uma série de animação japonesa com 52 episódios, que foi exibida em Portugal pela primeira vez em 1985. Na série, a Floresta Verde é uma enorme floresta onde habitam diversos animais, como por exemplo as marmotas Joca e Mara, o coelho Pom Pom, o Ratola, o Quico e o Gugu. Em 1986, a Globo (gelados) lançou uma série de calendários com estas personagens.
sábado, 18 de janeiro de 2025
sexta-feira, 3 de janeiro de 2025
Sumol (original desde 1954)
Sumol laranja (da empresa Refrigor, Lda) foi a primeira bebida de fruta pasteurizada a surgir em Portugal, no ano de 1954 (1). A marca Sumol adotou, ao longo dos tempos, diferentes estratégias de marketing, como por exemplo publicidade em calendários.
(1) https://pt.wikipedia.org/wiki/Sumol
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